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Tá tudo bem não ser positivo hoje

  • Beatriz Monteiro
  • 10 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

As tendências positivistas e os impactos na vida real 


Abro o Tiktok para espairecer a mente e meu algoritmo me entrega quinhentos e dezessete vídeos de pessoas falando que não podemos falar palavras negativas, que ninguém pode ser triste, que nossos problemas são pequenos e bla bla bla. Isso é a famosa positividade tóxica. De tanto ver vídeos assim, eu admito: fui contaminada.


A contaminação geralmente sempre denota algo ruim, mas nesse caso, pelo menos no início, foi uma coisa boa. Quando decidi ter uma postura mais positiva, eu aboli — bom, pelo menos tentei — palavras negativas e reclamações ao longo do dia. É importante destacar que reclamações estão estritamente proibidas! Afinal, somos pessoas regadas a privilégios e existem outras pessoas com problemas maiores. Outro ponto importante dessa corrente é a premissa de que o grandioso sistema que nos rege, vulgo Universo, está sempre ouvindo todas as reclamações que fazemos. E quando ele ouve….vishhh. A sua vida acaba, já que isso atrai todas as coisas ruins para você; pelo menos é o que dizem os grandes pensadores contemporâneos no TikTok. 


O que ninguém fala sobre essa corrente é que ser positiva o tempo inteiro cansa. E como cansa. Às vezes eu só quero xingar, falar que tudo vai dar errado e aceitar a derrota. Eu sou uma das pessoas mais positivas que conheço – vamos ignorar o fato que não conheço muitas pessoas e seguir esse texto –, e mesmo assim não consigo achar normal essa pressão para sermos positivos o tempo inteiro. Além do fato de que essa corrente positivista tende a romantizar situações de sofrimento só para validar o positivismo, mas isso é assunto para outro texto. 


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Atualmente, acredito fielmente que as coisas que desejamos, falamos e jogamos para o universo podem (e vão!) se concretizar. Mas e quando eu quiser só me vitimizar e deixar a peteca cair? Automaticamente bate o medo de estar jogando para o universo todos meus pensamentos intrusivos, depreciativos e desanimadores e essa grande galáxia que nos rege ouvir tudo e achar que quero isso para a vida. 


Universo, por favor, eu quero tudo de bom na minha vida e que todos meus sonhos se realizem, mas deixa eu proferir as palavras mais deprimentes nesse momento? 5 minutinhos, pode ser? Juro que será bem rapidinho, só para aliviar a pressão aqui dentro. Amanhã às 7h30 voltarei a bater ponto no setor “positividade”. Podemos combinar assim, universo?


Mas afinal, como lidar com a vontade de ser o ser humano mais rabugento do mundo e não precisar ficar com peso na consciência e com medo das consequências que o Universo vai jogar em mim? A resposta para esse questionamento é muito simples: equilíbrio. Você pode ser a pessoa mais tóxica do mundo, mas também destilar palavras de ódio ao vento.  Claro, as palavras tem poder e MUITO, mas eu te garanto (palavra de uma não escoteira) que o Universo não vai ficar monitorando o que você diz somente para aplicar punições, pode ficar tranquilo! 


Realmente é uma missão difícil não ser contaminado por todas as tendências que vemos nas redes sociais. Afinal, somos seres completamente influenciáveis. Mas tem questões que realmente precisamos avaliar e ver o que cabe ou não em nossa vida — o óbvio precisa ser dito às vezes.  


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