O machismo marca mais uma vez: campeão isolado no futebol brasileiro
- Redação
- 19 de abr. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de abr. de 2024
O silêncio da bolha futebolista chama atenção e é mais um “tapa na cara”.
Entre as quatro linhas do futebol, o machismo ainda atua como titular. Daniel Alves pagou uma fiança de 1 milhão de euros e deixou a cadeia na Espanha, mesmo após ter sido condenado por estupro. Robinho foi condenado na Itália por estupro coletivo, e, após anos da pena proferida pela justiça italiana, ele finalmente foi preso aqui no Brasil.
O alívio e o sentimento de justiça que as condenações de ambos provocaram, num primeiro momento, logo foram substituídos pela revolta, principalmente em relação ao ex-lateral da Seleção Brasileira.

A Confederação Brasileira de Futebol tardiamente emitiu uma nota sobre o caso dos ex-jogadores e foi mais um 7x1. Na nota eles afirmam que “As condenações definitivas dos jogadores Robson de Souza e Daniel Alves colocam um ponto final em um dos capítulos mais nefastos do futebol brasileiro”.
Essa ideia de “fim de capítulo nefasto”, infelizmente, é só mais uma história para boi dormir. A dificuldade de separar o autor da obra é muito grande e no futebol isso beira quase o impossível. Todo comentário acerca desses casos vêm acompanhado com “ele é um cara incrível e um jogador ótimo” “ah, tem que ver, é questão de justiça”. E aqui vale lembrarmos que o ex-presidente da CBF, Rogério Caboclo, foi denunciado por assédio sexual e moral por uma funcionária.
A maioria dos jogadores, clubes, dirigentes e entidades do futebol foram coniventes ao se calarem e alguns outros cúmplices do crime cometido por Daniel Alves. Como pontuado pelo comentarista PC Oliveira, do SPORTV, "esse espírito corporativista do futebol é uma prática corriqueira nessas situações graves". Um campo fértil para se passar pano, ou ainda, colocar as ações criminosas no condicional, quando se tratam de "pessoas fantásticas". Certo, Dorival Jr.?
Na maravilhosa bolha do futebol vale tudo, inclusive contar com uma ajuda de 800 mil euros do "parça" para fortalecer na redução da pena, como fez o (eterno) Menino Ney, de apenas 32 anos. E se não fosse a repercussão negativa, o camisa 10 da Seleção Brasileira teria contribuído no pagamento da fiança para soltar um estuprador.
O silêncio da bolha do futebol não passou despercebido e foi alvo de críticas. Coube a presidente do Palmeiras e Chefe da Delegação da Seleção Brasileira, Leila Pereira, se posicionar e expor que a decisão sobre Daniel Alves era "um tapa na cara de todas as mulheres", além de alertar que "cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte".

Apesar das falas posteriores do capitão do Brasil Danilo, a maioria dos jogadores resolveu se calar. Um caso, no entanto, chamou a atenção. Vítima de inúmeros atos racistas, Vini Jr. foi um dos atletas que resolveu não se posicionar. Exatamente por sofrer com a violência desse ambiente hostil, uma declaração dele teria um peso maior em relação a outros atletas, nesse momento.
O gramado do campo ainda não está pronto e, os atos criminosos de Robinho e Daniel Alves só trazem a certeza de que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Um exemplo disso está em um post no Instagram em que aparece uma caricatura com dois meninos olhando um álbum de figurinhas da Copa do Mundo e o diálogo entre eles é o seguinte: "Esse aqui? Preso por estupro // Esse? Condenado por estupro // E esse? Esse paga as fianças" Em um dos comentários uma mulher diz: "O meu filho é fã do Neymar e estou tendo que conversar com ele sobre como o jogador agiu no caso do Daniel Alves".
A iniciativa nesses casos, como sempre, parte da mulher. Então fica o questionamento: onde estão os pais dessas crianças para participar dessa educação? Ou só aparecem quando é para escolher o time e levar no estádio? Enquanto as mulheres são violentadas e buscam justiça, tem homens "encapuzados" organizando uma festa em casa para "comemorar" a liberdade de um condenado por estupro… Mais um "tapa na cara".






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